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Channel: Cantar a Pele de Lontra IV
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POEMA PARA CARLOS MARIGHELLA

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tempo sombrio

de cadáveres

escritos na pele

tempo de olhos

sem línguas

nos mortos em mim

mar de amarume

sem luzeiros

cobra verde

que morde

o próprio rabo

tempo de rasuras

borrões

e acúmulo

de resíduos;

apesar do luto,

Carlos, nós lutamos

não há tempo

para sentir medo;

sob a nebulosa

cabeça de cavalo

fazemos um trato,

camarada

comandante:

até o último

sopro

até a última

farripa de cabelo

colocaremos

o regime

em alerta

de segurança máxima:

estamos cercados

pelo inimigo   

 disse outro Carlos –  

não vamos deixá-lo

escapar!

 

Claudio Daniel,  2021

 

 

 


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