FATA MORGANA
A estranha irmã viaja em púrpura
pincela céu de sóis tatuados.
Galhos amorfos; rumor de lagartos;
fungos e olhos espectrais.
Com a espátula-tiara de relâmpagos,
remove o rosto pálido das horas.
Desfaz a pedra e o grilo.
Afunda em jade negro pétala e pégaso,
páramo e pássaro, piano e (púbis) pústula.
Até o limoso escárnio do Insaciado,
unívoco, unívoro, uníssono.
ESCARAVELHOS
Escuro é o caminho onde nos encantamos.
Fragmentados em cenários evasivos,
acreditando em impossibilidades,
lapidamos escamas de serpente albina,
seara difratada onde todo amor coagula.
Somos lunares, aquosos, imprecisos;
ocorre que a música da pele incita ao jogo
de escaravelhos, à pureza do ácido
e da cicatriz.
Dois poemas escritos em 2007, que foram excluídos do livro Fera bifronte e permaneceram inéditos até agora, por motivos que desconheço.